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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pecuaristas vão ter de 'entrar na linha', adverte o ministro do Meio ambiente, Carlos Minc

Ele elogia boicote ao gado com origem em desmatamento recente. Ministro se defende de quem o critica por aparecer demais na mídia.

Dennis Barbosa
Do Globo Amazônia, em Brasília

"A pecuária hoje é o maior agente de desmatamento da Amazônia e quero dizer aos que representam este setor que entrem na linha ou vão se dar mal", diz, em entrevista exclusiva ao Globo Amazônia, o ministro do Meio ambiente, Carlos Minc. Ele fez o comentário a propósito do boicote de redes de supermercados à carne produzida no Pará, por causa da suposta ligação do produto com o desmatamento da floresta amazônica. A decisão desses supermercados teve base em investigações do Ministério Público Federal e da organização de defesa ambiental Greenpeace.

Na entrevista, Minc também detalha o programa de desenvolvimento que o governo lança nesta sexta-feira (19) nas cidades que mais desmataram a Amazônia recentemente e se defende de quem o critica por aparecer demais na mídia.

Globo Amazônia - Essa discussão em torno da MP 458 e de outras medidas colocou o senhor em choque com os ruralistas. O senhor reclamou que os projetos ambientais que chegam ao Congresso são tão modificados que perdem sua essência. Falta uma frente ambientalista mais ampla para conter esse tipo de modificação?

"O bom fiscal é o povo consciente."

Minc - Temos uma frente ambientalista de mais de 200 deputados, mas, na hora do voto, contamos com uns 40 ou 50 deles. Por outro lado, a frente ruralista também não está com essa bola toda. Tentaram tirar as restrições ambientais da lei de regularização fundiária, e perderam de 190 a 90 na Câmara.

Não sou sectário em relação à grande agricultura. Eu me identifico com a pequena produção, acho que são nossos aliados principais. Agora, eu tenho uma tradição de diálogo com a grande produção. Tivemos um acordo com [o setor] da soja - a Moratória da Soja. Um mês atrás fizemos um balanço e eles cumpriram o acordo em 97%, ou seja, a soja deixou de ser problema de desmatamento da Amazônia.

O que está fora de controle? A pecuária. Quase fechamos um acordo com a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes). O presidente, Roberto Gianetti da Fonseca, esteve aqui três vezes. Quando começou a crise e quebrou o [frigorífico] Independência, eles roeram a corda do acordo. Só que a sociedade reagiu. Agora os supermercados estão pregando boicote - Wal-Mart, Pão de Açúcar. Até a Adidas não quer mais comprar couro para tênis de pecuarista que desmata a Amazônia. Acho isso muito bom. O bom fiscal é o povo consciente, o consumo consciente.

Globo Amazônia - O presidente da Abiec argumenta que é difícil para os frigoríficos controlar a origem do gado que compram. E ele aponta que o governo não ajuda a criar uma forma de rastreamento.

"A pecuária hoje é o maior agente de desmatamento da Amazônia."

Minc - Não é verdade que eles não sabem as fazendas que desmatam, porque no site do Ibama tem todas as fazendas embargadas. O que dizem é que há tantas fazendas embargadas, que teriam problemas em romper com grande parte de seus fornecedores.

O Conselho Monetário Nacional (CNM) aprovou um pacote de apoio aos frigoríficos. Até aí tudo bem: uma atividade importante deve ser apoiada. O BNDES e todos os bancos públicos assinaram conosco um protocolo verde pelo qual estão impedidos de financiar quem desmata. Fizemos um decreto que diz que o frigorífico que compra carne de uma fazenda que desmata a Amazônia é co-responsável. Por isso, se ele não desmata, mas compra carne de quem desmata, não pode receber um tostão de crédito do BNDES.

Com esse boicote dos supermercados e dos consumidores, eles vão entrar na linha, como todos os setores têm que entrar. A pecuária hoje é o maior agente de desmatamento da Amazônia e quero dizer aos que representam este setor que entrem na linha ou vão se dar mal.

Globo Amazônia - Ainda assim, a maioria das multas ambientais não é paga e temos casos de fazendas embargadas que continuam produzindo, com milhares de cabeças de gado, e vendendo para grandes frigoríficos. A fiscalização ambiental não consegue acabar com esse tipo de impunidade?

Minc - Estou há um ano no ministério. Os dados apresentados em reportagens recentes se referem ao período 1997 a 2006. Desde o primeiro dia em que entrei, escolhi o combate à impunidade como a linha-mestra do ministério. O que fizemos? Primeira coisa: cortar o crédito dos desmatadores. Segundo: decreto de crimes ambientais. Em vez de esperar o processo judicial, em que o cara enrolava a multa por cinco anos, a gente pega a madeira pirata, leiloa, e usa o dinheiro para empregar aqueles estavam trabalhando nas serrarias e carvoarias ilegais, para não ficarem desempregados e desmatarem 5 quilômetros adiante. Triplicamos a fiscalização. Criamos com o Ministério da Justiça a Coordenação Integrada de Combate aos Crimes Ambientais. Antes eu não podia convocar a Força Nacional para operações. Hoje posso. Já participei diretamente de 22 operações na Amazônia, todas com prisões, apreensões, embargos e leilões.

SEMPRE DE OLHOS ABERTOS CONSUMIDORES!!!!
Procurem a procedencia dos alimentos. Eles podem ter origem da exploração do meio-ambiente ou de trabalhadores.

A Reportagem completa encontra-se no site
http://www.globoamazonia.com/Amazonia/0,,MUL1200481-16052,00-PECUARISTAS+VAO+TER+DE+ENTRAR+NA+LINHA+ADVERTE+MINC.html

Por Espaço E.D

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