Após investigação do Ministério do Trabalho, Zara confirma trabalho escravo em sua cadeia produtiva
16/08/2011 |
A marca de roupas Zara reconheceu na quarta-feira (17/8), em nota, que há trabalho irregular de bolivianos em uma de suas confecções no interior de São Paulo. O caso foi investigado pela SRTE/SP (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo), que culminou numa inspeção realizada por equipes de fiscalização do Governo Federal em junho, quando, por três vezes, as equipes flagraram trabalhadores estrangeiros submetidos a condições irregulares de trabalho, produzindo peças da marca Zara, do grupo espanhol Inditex.
Na operação que vasculhou duas fornecedoras da rede, acompanhada pela ONG Repórter Brasil , foram encontradas cerca de 15 pessoas, incluindo uma adolescente, mantidos em situações completamente ilegais, as quais incluíam jornadas de trabalhos que ultrapassavam 16 horas diárias, além de proibições como a de deixar o local de trabalho sem avisar.
Segundo a ONG, para sair das oficinas, que também eram moradia, os trabalhadores precisavam pedir autorização. O programa "A Liga", da TV Bandeirantes, mostrou na última terça-feira (16/8) que os trabalhadores recebem centavos para fazer uma peça e, se causarem algum dano, são obrigados a pagar pelo preço que é vendida em loja.
As vítimas libertadas pela operação de fiscalização na capital paulista são, em sua maioria, vindos da Bolívia e do Peru, de onde saíram buscando melhores condições de trabalho. No entanto, chegando aqui, a situação encontrada foi bem diferente. Tendo de trabalhar inicialmente por meses em longas jornadas, apenas para quitar as dívidas referente às supostas passagens e documentos, a situação dos trabalhadores se tornava insustentável. Os cadernos encontrados na oficina mostravam que os salários recebidos pelos funcionários variavam entre R$ 264 e R$ 460, valores inferiores ao salário mínimo vigente no País (R$ 545).
Para Lisa Gunn, coordenadora-executiva do Idec, a associação de produtos de grifes a condições de trabalho degradantes mostra que algumas empresas ainda apostam que o consumidor é um ser alienado ou que um fato ocorrido em um país distante não será conhecido em outros. "Porém, felizmente, e graças à atuação de organizações e autoridades sérias, ocorre justamente o contrário. É lamentável o caso Zara, e diante dos fatos reunidos na investigação, não é plausível que a empresa não soubesse de nada. De todo modo, as empresas precisam assumir a responsabilidade sobre suas cadeias produtivas", afirma Lisa.
Posição da empresa
A Inditex, empresa administradora da marca Zara, classificou o caso envolvendo as oficinas subcontratadas como "terceirização não autorizada", a qual violou o Código de Conduta para Fabricantes estipulado pela empresa. Ainda de acordo com a Inditex, a assinatura do Código de Conduta é obrigatória para todos os fornecedores da companhia e foi assumido pela intermediária AHA (que também assumia o nome de SIG Indústria e Comércio de Roupas Ltda).
No entanto, vale lembrar que a Zara foi notificada do flagrante no momento da ação pelos auditores fiscais, e convidada a ir até a oficina de costura, porém não compareceu.
A equipe de fiscalização, composta por dois agentes da Polícia Federal, integrantes do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, auditores da SRTE/SP e dirigente do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, lacrou a produção das oficinas vistoriadas.
Repórter Brasil trás tudo na íntegra!!!
Fonte: IDEC e Repórter Brasil
Por Espaço E.D